Com
o propósito de conhecer as qualidades que devem Ter os líderes
“globais” o pesquisadores Hal B. Gregersen, Allen J. Morrison e J. Stewart
Black fizeram entre 1994 e 1997 pesquisas com empresas importantes dos EUA, da
Europa e da Ásia.
Inicialmente
percebemos que o líder mundial pode ser comparado aos grandes navegadores, que
saiam em mares desconhecidos a procura de novos mercados, novas terras.
Lançavam-se nos oceanos por dias, meses, anos com a incerteza ao redor.
Eles não tinham mapas confiáveis, enfrentavam um hemisfério de estrelas
desconhecidas, águas infestadas de tubarões, tripulações cada dia menos
confiantes, nuvens de tempestade se formando a distância, ondas se quebrando na
proa do navio, o vento uivando. A realidade das incertezas, mudanças e
necessidades de adaptações não são diferentes para o líder global, exceto
que para os navegadores uma vez mapeados mares e ilhas as coordenadas não
mudaram mais, já no meio empresarial o novo é constante. Por isso, as organizações
precisam que seus líderes sejam exploradores, guiados apenas pelo brilho
distante de estrelas desconhecidas e estimulados pela oportunidade e pela
incerteza de mercados inexplorados.
Estima-se
que em 205 o comércio entre as nações superará o comércio total interno das
nações, daí a necessidade de percebermos que os modelos de liderança do
passado não vão funcionar no futuro globalizado.
As empresas
antes de se lançarem no mercado global deve se questionar se dispõe de líderes
preparados. Já é comum escutar entre executivos seniores: “ Temos o
dinheiro, o que não temos são os recursos humanos.”.
Quando se
fala em líder global duas questões são recorrentes:
1-
Quais são as características dos líderes que
podem dirigir organizações que atuam em países, em culturas e com clientes
diferentes?
2-
Como as empresas podem formar tais líderes?
De acordo
com as pesquisas realizadas foi possível perceber que o líder global necessita
Ter um terço de habilidades específicas e dois terços de características
gerais que se aplicam a qualquer líder.
1-
Curiosidade desenfreada
Os
líderes bem sucedidos são revigorados pelas diferenças que os rodeiam,
sentem-se impulsionados pelo sentido de aventura, pelo desejo de ver e
experimentar coisas novas.
Dessa
maneira, pode-se afirmar que, quando um executivo cruza uma ou várias
fronteiras nacionais, a curiosidade é a chave para seu sucesso.
2-
Caráter pessoal
a)
Vínculo emocional. O verdadeiro vínculo emocional
com pessoas de todas as operações internacionais da empresa compreende três
etapas:
-
Interesse sincero pelas pessoas e preocupação com elas.
-
Empenho em ouvir atentamente as pessoas.
-
Compreensão dos diferentes pontos de vista.
A
ligação emocional é importante porque leva à boa vontade. Os funcionários
concedem aos líderes o benefício da dúvida em assuntos difíceis, esforçam-se
ao máximo e fazem sacrifícios.
b)
Integridade. Os executivos descreveram a
integridade como o comportamento ético e leal à estratégia e aos valores
definidos pela empresa, afirmaram que
a integridade aumentou significativamente os níveis gerais de confiança em
toda a organização.
3-
Compreensão da dualidade
a)
Capacidade de administrar a incerteza. No coração
de qualquer empresa multinacional reina soberana a incerteza. Embora reservem
tempo para pesquisa, os líderes globais não permitem que a busca de informações
que tornem a situação mais clara coloque em risco a vantagem de sair na
frente.
b)
Capacidade de administrar tensões. Não basta
tolerar as tensões, mas é preciso compreender suas características. Entre as
tensões mais comuns estão a padronização de produtos versus a adaptação
local, o estilo da subsidiária, as políticas corporativas de relações
trabalhistas versus as normas do país anfitrião e a imagem de marca no mundo
versus as preferências dos clientes locais. Os líderes devem encarar as tensões
como necessárias e saudáveis.
4-
Astúcia
a)
Astúcia empresarial. Essa
qualidade permite aos executivos identificar as oportunidades de mercado
em todo o mundo. Eles conseguem descobrir novos mercados para os produtos e
serviços da empresa ou conquistar maior participação nos mercados atuais.
Para
isso, os líderes mundiais sabem como localizar fontes de vantagem competitiva,
entendem as condições específicas do país, acompanham a situação política
e financeira do país e assim por diante. Eles também têm conhecimentos em áreas
como finanças, contabilidade, marketing, operações, recursos humanos e estratégia.
E, finalmente, dominam questões que os líderes exclusivamente nacionais não
precisam enfrentar. Por exemplo: como os movimentos reais nas taxas de câmbio
podem criar oportunidades para abaixar os preços e aumentar a participação
sem desestabilizar as margens de lucro, ou manter os preços e a participação
no mercado e aumentar os lucros.
b)
Astúcia organizacional. Os líderes mundiais
conhecem os pontos fortes e fracos da organização de modo a mobilizar recursos
para aproveitar as oportunidades de mercado.
Formando líderes globais
As
organizações que pretendem se globalizar devem avaliar as características de
suas atuais lideranças para verificar se seus esforços serão bem-sucedidos.
Caso a organização não disponha de número suficiente de líderes mundiais,
ela provavelmente terá de formá-los.
1-
Como avaliar o talento. Para Ter sucesso, os líderes
globais, assim como os grandes músicos ou atletas, precisam de talento
superior, muitas oportunidades e excelente formação e treinamento. Nem todos
podem se tornar líderes, portanto as empresas não devem oferecer oportunidades
e treinamento para qualquer pessoa. Elas devem analisar se estão contratando um
número adequado de executivos jovens com os requisitos mínimos de talento para
liderança., para Ter certeza de que, mesmo com a rotatividade normal, contarão
com um número adequado de líderes mundiais no futuro.
Mas
até mesmo as pessoas com potencial precisam de boas oportunidades de
aprimoramento. No entanto, a maioria das empresas não dispõe de sistemas
abrangentes para o desenvolvimento de líderes mundiais.
2-
O processo de educação. Como alguém se forma um
líder mundial? O principal é passar a compreender o mundo, não apenas um país.
É preciso expandir a visão para identificar oportunidades em outros locais do
mundo e direcionar os recursos organizacionais em escala internacional. É
preciso estabelecer ligação emocional com pessoas diferentes e conquistar sua
boa vontade. Também é necessário compreender as pessoas de diferentes raças
e demostrar nossa integridade para inspirar confiança. É preciso abraçar as
constantes dualidades e tensões das demandas empresariais locais e
internacionais. E a curiosidade é fundamental, pois ela inflama e alimenta a
motivação para enfrentar esse processo.
3-
Quatro estratégias de desenvolvimento
a)
Viagens. As viagens ao exterior devem servir para
que os potenciais líderes mundiais entrem em contato com o país, sua cultura,
sua economia, seu sistema político, seu mercado, etc. Para aumentar o potencial
de desenvolvimento que existe nas viagens ao exterior cabem duas dicas:
A
primeira é sair da rota, fora do itinerário conhecido as experiências serão
reais e muito mais enriquecedoras.
A
segunda é aventurar-se. Mergulhar em lojas, mercados, escolas, residências
etc. para ver como vivem as pessoas do lugar.
b)
Equipes. Grupos em que pessoas com origem e pontos
de vistas diferentes trabalham juntas são
uma boa oportunidade para formar líderes mundiais. Para que as equipes
sejam eficazes no desenvolvimento de líderes mundiais, são necessárias
algumas medidas:
I-
As pessoas
devem atuar como membros de equipe antes de se tornar líderes de equipe.
II-
Em geral, as
pessoas devem ser membros ou líderes de equipes multiculturais montadas para
uma única tarefa antes de se tornar membros ou líderes de equipes
multiculturais para várias tarefas.
III-
As empresas
devem proporcionar aos membros da equipe um treinamento adequado em tópicos
como comunicação intercultural, solução de conflitos e dinâmica da equipe
multicultural.
c)
Treinamento. O treinamento pode fornecer
o contraste e o confronto de idéias, em um ambiente de aprendizagem
estruturada. Para contribuir para a
criação de lideranças mundiais, os programas de treinamento devem Ter as
seguintes características:
I-
Funcionários
d todos os países onde a empresa atua devem participar
II-
Os programas
devem incluir tópicos sobre estratégia e visão internacionais, estrutura e
projeto organizacionais internacionais, gestão da mudança, comunicação
intercultural, ética empresarial internacional, liderança de equipe
multicultural, entrada em novos mercados, dinâmica dos países e mercados em
desenvolvimento e gestão em situações de incerteza.
III-
Para
garantir que o treinamento estimule as pessoas a modificar e abrir a mente, os
programas devem incluir componentes de aprendizagem ativa, como um projeto real
da empresa.
d)
Transferência. A quarta e mais poderosa estratégia
para formar líderes é atribuir a executivos
missões em outros países.
Quantos líderes globais as empresas possuem?
QUANTIDADE
Muito
menos do que o suficiente
29%
Menos
do que precisam
56%
Perto
do número de que precisam
13%
Mais
do que o suficiente
2%
Qual a capacidade dos líderes globais?
QUALIDADE
Nenhuma
8%
Menor
que a necessária
59%
Próxima
da necessária
29%
Excelente
3%
Liderança
no Mundo Globalizado
A transformação pela qual está passando o capitalismo é tão grande
que não seria exagero dizer que o mundo dos negócios atual tem somente dez
anos de vida. Internet, comércio
eletrônico, globalização têm provado alterações drásticas no mundo
empresarial.
A velocidade da mudança é tal que nenhuma organização atualmente está
em condições de assegurar sua liderança, nem ao menos por pouco tempo. Não
é por acaso que Bill Gates, que começou seu império de software num garagem,
sabe que o perigo está a um passo de nós. “Estamos a apenas dois anos do
fracasso. Não sabemos quem surgirá com alguma nova invenção que nos deixará
sem trabalho”.
Em agosto de 1998, sete das principais empresas, em função de seu valor
de mercado, eram do setor de tecnologia da informação e apenas três incluídas
na lista representavam outros setores: um banco, a empresa petrolífera Exxon e
uma companhia farmacêutica.
Recentemente o índice Dow Jones deixou de fora três empresas
tradicionais para acrescentar outras. Entre as novas estavam a Microsoft, a
Intel e a SBC Communications. As que ficaram de fora foram uma empresa petrolífera,
a Chevron; uma varejista, a Sears; e uma industrial, a Union Carbide.
Por tudo isso, a chave da vantagem competitiva para o futuro será a capacidade de liderança para criar o modelo organizacional e arquitetura social que permitam gerar capital intelectual. A liderança deixou de concentrar-se na produção eficiente de bens e serviços. A tarefa mais importante para o líder será reunir pessoas e desenvolver os relacionamentos para criar uma comunidade que produza riqueza